sexta-feira, 8 de outubro de 2010

VOCAÇÃO: DOM E MISTÉRIO

Por Diácono Luciano Martins de Almeida
Diocese de Novo Hamburgo/RS
Quando penso nesta simples palavra “vocação”, automaticamente abrem-se algumas das muitas janelas de minha mente e coração, que guardam os significados e os sentimentos referentes a cada palavra aprendida, seja pela leitura, seja pelo ouvir dizer. Enfim, como que uma reação em cadeia me leva a perscrutar o mais íntimo de mim mesmo e redescobrir que tal palavra indica um dom e um mistério.
Vocação, como é sabido por muitos, vem do latim “vocare, que a priori significa “chamar”. Ora, todo chamado indica uma possibilidade de que alguém esteja necessitando de nós, de nosso trabalho, das nossas muitas aptidões, da nossa generosidade em sairmos de nós mesmos e, sobretudo dos inúmeros dons com os quais o Criador nos presenteou. Todo chamado aponta para um horizonte de possibilidades que se abre diante de nossos olhos e que, só os mais audaciosos são capazes de vislumbrar.
Sendo este chamado uma possibilidade a qualquer tipo de ação generosa e empreendedora, a vocação se insere na dimensão do mistério, pois muitas vezes desconhecemos os propósitos e caminhos que Deus sonhou para cada um de nós, e mergulhamos sem muitos “por quês” ou “ao que isso nos vai levar”. Quando isto acontece, este chamado recebe o primeiro matiz do título deste pequeno texto: ela é um dom!
Ora, os dons que nos são concedidos por Deus, muitas vezes ficam ocultos aos nossos olhos, sendo necessária uma busca profunda e muitas vezes difícil através de nossa alma e coração. A vocação cristã, seja ela ao sacerdócio, ao matrimônio, ou à vida religiosa, exige de nós atenção e cuidado. Atenção porque o mistério de Deus é revelado apenas àqueles que se abrem ao seu amor e que sempre estão atentos, como as sentinelas que do alto das torres de guarda vigiam a cidade ou como Maria, que sempre esteve em sintonia com os planos e vontade de Deus. Deve ser cuidada, porque o dom de Deus em nós é algo precioso e tudo que aos olhos de Deus é precioso, deve ser cuidado com esmero e diligência.
Por fim, concluo este pequenino texto, partilhando com os irmãos a seguinte reflexão que tenho feito ao longo destes anos de formação e dedicação cuidadosa e atenta pelo dom e mistério de Deus em minha vida: por mais que o mundo insista em chamar-nos a um caminho diverso daquele pensado e querido por Deus, para nós, lutemos para que a obra de Deus se realize em nós, pois sabemos que Ele não escolhe os capacitados, mas capacita os débeis e frágeis instrumentos que somos nós, para o seu serviço.

Um comentário:

  1. Realmente Diácono, o chamado de Deus em nossa vida é um mistério, somente Ele poderá nos revelar este mistério a cada um de nós. Não importa para qual vocação Deus lhe chama, o fundamental é nossa doação ao seu chamado.

    ResponderExcluir